Sempre fomos induzidos a pensar que a insulina é o hormônio todo-poderoso, sem o qual a vida seria impossível no diabetes tipo 1. E até hoje ainda é! Mas isso pode mudar num futuro próximo. Pesquisadores do UT Southerwestern Medical Center conseguiram obter glicemias normais apenas evitando a liberação de glucagon pelas células alfa, impedindo a liberação excessiva de glicose pelo fígado. Esses achados sugerem que o diabetes tipo 1 pode ser convertido numa desordem assintomática, não-insulinodependente somente com a supressão da ação de um hormônio específico.
Os resultados desse estudo, publicado há mais de 10 ano na revista “”Diabetes”” de Janeiro-2011, são promissores. Mas deve-se ter cautela, pelo menos até que esses resultados sejam replicados em humanos. No estudo, quando o glucagon foi suprimido em ratos, o hormônio insulina se tornou sem importância e a tolerância à glicose voltou ao normal. Esses achados em ratos mostram que a insulina se tornou completamente supérflua e a sua ausência não causa diabetes ou qualquer outra anormalidade quando as ações do glucagon são suprimidas. Se a cura do diabetes é considerada como “”restauração da homeostase da glicose””, então esse tratamento pode ser considerado como muito próximo da “cura”.
O tratamento com insulina é considerado padrão-ouro desde que ela foi descoberta em 1922. Porém, mesmo o uso ótimo da insulina não consegue restaurar perfeitamente a tolerância à glicose. Esses novos achados mostram que a eliminação do glucagon restaura a tolerância à glicose. O glucagon é secretado em pessoas normais quando a glicemia está baixa. Com a deficiência de insulina, os níveis de glucagon estão inapropriadamente elevados e fazem com que o fígado libere quantidades excessivas de glicose. Essa ação é contrabalançada pela insulina, que faz com que as células removam a glicose da corrente sanguínea.
No diabetes tipo 1 as ilhotas pancreáticas que produzem insulina são destruídas. Como consequência, os diabéticos tipo 1 atualmente devem aplicar insulina múltiplas vezes por dia para compensar essa destruição. No estudo publicado, os pesquisadores do UT Southwestern testaram como os ratos geneticamente alterados para perderem a função dos receptores de glucagon responderam a um teste de tolerância oral à glicose. Os ratos responderam normalmente quando as suas células produtoras de insulina foram destruídas. Bastou a perda da função do glucagon para que se comportassem como não-diabéticos.
Os achados sugerem que, com a supressão do glucagon, não importa se não existe insulina. Pelo menos para manter o metabolismo glicídico, visto que a insulina é um hormônio importante para o crescimento e desenvolvimento desde a vida intra-uterina até a adolescência. A esperança agora está em se conseguir suprimir a função do glucagon em humanos, diminuindo a necessidade de insulina ou mesmo eliminando as injeções. e os estudos continuam em andamento!
Referências :Diabetes January 26, 2011 vol. 60 no. 2 391-397www.diabetesincontrol.com.br “